Homenagem: mães soltaram nove balões em formato de coração, cada um, com o nome dos seus filhos que não conseguiram vencer a batalha contra o câncer
“Doar não custa nada, não mata ninguém. Mata não doar”. O lamento é da estudante Sarah Regina Macedo, 15 anos, que há cerca de um ano luta contra um tipo raro de câncer, sistêmico, presente em várias partes do corpo. Ela não precisa de doação de medula óssea. De acordo com os médicos, Sarah pode ser uma doadora de si mesma. Ainda assim, a adolescente participou, na manhã deste sábado (11) de uma carreata para conscientizar sobre a importância da doação, promovida pela ONG Humanização e Apoio ao Transplantado de Medula Óssea do Rio Grande do Norte (Hatmo-RN). Ela perdeu amigas, que conheceu no hospital Varela Santiago, por não conseguirem doações.
Cerca de 300 pessoas participaram do ato, que começou com um café da manhã realizado na sede da Hatmo. O grupo seguiu em carreata até o Hemonorte, no bairro Tirol, onde fez um ato para conscientizar a população sobre a importância da doação de sangue e de medula e lembrar as crianças que faleceram. Em seguida, os participantes seguiram para o Parque das Dunas, para comemorar a páscoa do Hatmo, com música e outras manifestações culturais.
Nove balões, em formato de coração, foram soltos e brindaram o céu com cor vermelha e esperança. Cada um deles levava o nome de crianças que não conseguiram vencer a luta contra o câncer. “A partida da minha filha não foi em vão. Queremos lutar por essas crianças que precisam de nosso apoio”, afirmou, emocionada, a agricultora Maria Nascimento, que participou do ato junto com outras mães que passaram pela mesma dor. Foi graças a um pedido de sua filha, Valclécia, falecida há nove anos, que a presidente da Hatmo, Rosali Cortez, passou a lutar fortemente pela causa. “Ela me disse que não havia mais tempo para ela, mas que eu não desistisse dos outros”, lembra.
A dona de casa Denilsa Dantas também perdeu a pequena Sara, também de nove anos, há seis meses. “Sentimos muita saúda de Sara, ainda choramos porque não é fácil. Pode ser muito tempo, mas a lembrança continua. Como ela não gostava de ver ninguém chorando, vamos fazer uma grande festa hoje”, discursou.
A Hatmo foi criada há cinco anos e conta com participação de pacientes, suas famílias, bem como voluntários, amigos e pessoas que perderam entes queridos. “Nós tentamos conseguir de tudo para esses pacientes. Se eles estão precisando de doação de sangue, nós corremos atrás. Procuramos doadores de medula compatível, fazemos campanha. É uma luta grande”, conta Rosali.
Durante o ato, pessoas doaram sangue e a também houve cadastro de doadores de medula. A possibilidade de encontrar uma medula compatível é de 25% a 30% entre irmãos e chega a ser uma proporção de uma para cada 100 mil pessoas.
A psicóloga Cleide Regina, que é mãe da Sarah, citada no início da reportagem, lembra que a filha precisou de muitas doações de sangue, durante o tratamento, que já dura quase um ano. “Queremos conscientizar a população. Se não for possível conscientizar, ao menos sensibilizar, para que doe sangue, plaquetas, medulas. Isso é vida e faz total diferença para essas pessoas”, comenta. “Essas crianças que estamos homenageando se foram porque não encontraram doadores, ou encontraram o doador desistiu”, acrescenta.
Podem se cadastrar para transplante de medula óssea, pessoas entre 18 e 55 anos, com boa saúde, sem histórico de câncer, hepatites B ou C e HIV. Basta ir ao Hemonorte ou Hemovida, levando identidade e CPF. Há uma amostra de 10 mililitros de sangue.
“Eu quero dizer, que há esperança. Deus pode curar, assim como fez comigo. Graças a Deus consegui um doador. Não podemos desistir de lutar e o Hatmo pode contar comigo nessa luta. Temos que buscar as autoridades, chamar toda a sociedade”, discursou o servidor público Gilmar Bezerra.
FONTE: O Jornal de Hoje