sábado, 22 de março de 2014

RNTV: 'Queria ficar boa', diz criança após doador de medula desistir no RN

Amanda, de 8 anos, é portadora de síndrome de imunodeficiência. No RN, 22 pessoas estão na fila de espera do transplante de medula.



"Queria ficar boa, ir para casa, brincar com meus amiguinhos, só que estou muito triste", desabafa Amanda, de 8 anos. Portadora de síndrome da imunodeficiência - que enfraquece o sistema imunológico - a menina esteve perto de conseguir a cura, porém o doador que tinha a medula compatível desistiu do transplante. A mesma situação aconteceu com Marcos, de 9 anos, que tem leucemia. A matéria sobre as crianças, que estão internadas em um hospital de Natal, foi exibida nesta sexta-feira (21) pelo RN TV 1ª Edição (veja o vídeo acima).

As crianças são dois dos 22 pacientes que estão na fila de espera do transplante de medula no Rio Grande do Norte. A proporção para se encontrar doador é de um para cada 100 mil pessoas. De acordo com a médica Luciana Correa, a desistência do transplante tem sido cada vez mais comum. A oncologista explica que isso acontece principalmente pela falta de conhecimento sobre as técnicas.

"Você tem basicamente duas formas de fazer. Por uma máquina que faz a coleta de sangue periférica ou a coleta da própria medula óssea. As duas são indolores, não trazem malefícios para o doador, e só trazem benefícios para quem vai receber", afirma.

Para as mães das duas crianças, a sensação é de decepção. "Essa notícia abriu meu chão, me destruiu, mas ainda tenho um sonho, pois acredito em um Deus que tudo pode e ele vai fazer com que essa pessoa volte atrás", diz Ildeni Brandão, mãe de Amanda.

Mônica Xavier, mãe de Marcos, ainda tenta encontrar explicação para o que aconteceu. "Será que é falta de conscientização? Será que falta apoio psicológico? Será que estão sabendo que estão mexendo com vidas, com expectativas de vidas, para desistirem tão fácil assim?", questiona.

Amanda é portadora de síndrome de imunodeficiência (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

sábado, 8 de março de 2014

Dia da Mulher: exemplo de luta, solidariedade e muito amor

A nova mulher foge do estereótipo feminino de fragilidade e se torna sinônimo de força, luta e conquistas

Não é segredo para ninguém que a mulher da atualidade é mãe, esposa, profissional, dona de casa e realiza as mais diversas tarefas ao longo do dia. Ser dinâmica e também multifacetada pode ser um dos mistérios do sexo feminino, mas o que é unânime é a capacidade deste ser em unir características distintas como delicadeza e força. No Dia Internacional da Mulher, comemorado neste sábado, oito de março, O Jornal de Hoje foi em busca de uma mulher que tem uma história marcada por lutas, perseverança e superação.

Rosali Cortez, presidente da Hatmo/RN, grupo de voluntários que atuam no trabalho de Humanização e Apoio ao Transplantado de Medula Óssea no Rio Grande do Norte, é um bom exemplo deste perfil. Ainda durante a infância, em Goiás, ela conheceu bem de perto exemplos de solidariedade. Seus pais eram missionários e diariamente praticavam ações pautadas na caridade e ajuda ao próximo. “Sempre tive estes exemplos dentro de casa.

Lembro que meu pai ajudava pessoas nas ruas e teve uma história que me marcou. Tinha um rapaz pedindo dinheiro para uma passagem de ônibus e meu pai deixou ele dentro do ônibus em direção ao destino escolhido. Só que logo depois meu pai viu o rapaz descendo do ônibus e foi até ele e disse: ‘Deus não quer que você faça isso, que seja um mentiroso. E foi então que o rapaz aprendeu a lição’. Com esta situação, também aprendi que devemos ser solidários, mas sempre ensinar a pescar, e se formos doar, temos que acompanhar esta doação”, disse Rosali.

Já no início da vida adulta, a determinada jovem iniciou sua vida acadêmica e cursou pedagogia, música e terapia holística. E foi dentro de um hospital, em Salvador, com um violão nos braços, que ela teve a certeza que sua vida teria como um dos principais focos a prática de ações voluntárias. “Uma vez toquei no hospital e o médico chegou para mim e disse que naquele dia ninguém estava precisando de remédios para a dor. Foi ali que vi o meu caminho”, contou.

A voluntária ainda relata que há cerca de 10 anos estava no Hospital Varela Santiago, em Natal, e uma menina de nove anos de idade, que sofria de leucemia, perguntou se ela era doadora de medula óssea. “O que mais me chamou a atenção é que na hora a garotinha também disse que eu poderia ser compatível com ela e a minha doação poderia salvar a vida de alguém. Corri para o Hemonorte e me cadastrei. Esta menina morreu, mas antes de falecer me fez um pedido para continuar ajudando os seus amigos, que sofriam de leucemia. Foi assim que vimos que este apoio tinha que ter uma estrutura, um suporte e, principalmente, no processo do transplante. Desta forma, surgiu o trabalho da Hatmo”, explicou Rosali.

A Hatmo RN iniciou as atividades há cinco anos e é formada por um grupo de voluntários que presta apoio e busca dar um tratamento humanizado à vida dos pacientes com leucemia. Atualmente são assistidas 120 crianças e há 75 adultos cadastrados. Além do apoio emocional e auxílio no processo do transplante, a Hatmo também presta assistência aos pacientes e famílias através doação de cestas básicas.

“A Hatmo tem coração, tem pessoas, mas não tem sede. Atuamos em vários países e quem faz tratamento em outros estados e fora do Brasil tem o apoio necessário. Não somos a favor do assistencialismo, pois o que precisamos é de mudanças nas políticas públicas para melhorar a situação das pessoas que vivem com câncer no Brasil. Pessoas famosas como os atores Reynaldo Gianecchini e Drica Moraes foram transplantados rapidamente, mas a realidade é que o processo que vai desde o cadastro no Hemonorte, no Redome, até o transplante em si, é muito lento, quando tem que ser é para ontem, porque são vidas que não podem esperar. Vemos tanto dinheiro envolvido no futebol, no carnaval, mas é preciso que o governo olhe para a saúde, porque as pessoas estão morrendo. Corremos atrás de exames para os pacientes, até tiramos do nosso próprio bolso, mas é desumano pagarmos particular enquanto o Governo é que é o responsável”, lamentou.

Dentro das atividades desenvolvidas pelos voluntários, há o estímulo ao uso de produtos naturais, sem agrotóxicos, como um auxiliar no tratamento do câncer. Plantas como o Crajirú e sucos de graviola e couve com limão são algumas das opções sugeridas por Rosali Cortez. “Quando algumas mães de pacientes estão tristes, elas mexem na horta e melhoram. Também tenho o sonho de construir hortas em hospitais. Têm lugares que as crianças tomam a quimioterapia em jardins, contemplando a natureza”, revelou.

MISSÃO
Com 30 anos de voluntariado e cursando atualmente medicina psicossomática e psicanálise, Rosali explica que a prática de benfeitorias ao próximo surgiu na sua vida como uma missão. “Acredito que o sentido da vida é cumprir uma missão. Sou mãe para muitos filhos e até mãe de mãe de pacientes. Tem pessoas que acham que ser voluntário é para quem está desocupado ou passou por algum trauma. Mas para ser voluntário basta ter boa vontade, um bom coração e um espírito de luta. Digo para as mães de pacientes não chorarem, porque o choro não cura. O que cura é a alegria, a vontade de viver e um sorriso espanta todo o mal. Pensava que todos deveriam ser fortes como eu, que fico até o fim, cantando até no leito de morte de algum paciente. Sei que a pessoa que morre vê a glória de Deus. Mas se ela é curada, todos nós é que vemos a Glória de Deus, que é a cura”.

CONSCIENTIZAÇÃO
Uma das principais dificuldades relatadas pela dirigente da Hatmo ainda é a falta de conscientização da sociedade sobre o ato de doar medula óssea. Para Rosali, a maior parte das pessoas acha que não vai ter a doença e não se preocupa com o todo. “Há um estigma que a doação de medula óssea é invasiva. A coleta é feita na área da bacia e não na coluna. O incômodo é passageiro, mas vale uma vida toda e pode salvar vida. Temos que ser imitadores de Cristo. Costumo usar a expressão “dízimo do sangue”, já que se pode doar até 10% do sangue. Temos que doar sangue, plaquetas, medula óssea, voluntariado, objetos e praticar o desapego. Há pessoas que vão doar com medo, mas saem renovadas e se sentem mais de Deus. Também sinto isso” declarou.

A aguerrida mulher, que não mede esforços para continua a sua batalha em prol dos transplantados de medula óssea, também reforça a importância de ocupar o tempo com pensamentos e atividades sadias. “Não devemos ter tempo para a doença. A mulher tem que ser dinâmica, ter tempo para o amor, para o esposo, para o trabalho, para os amigos, para ser solidária. Deus nos deu tempo para que a gente aproveite e saiba dividi-lo para tudo. Viajo, passeio, vou para shows, mas sigo o exemplo de Cristo, que nos ensinou o caminho da solidariedade”, pontuou.


FONTE: http://jornaldehoje.com.br/dia-da-mulher-exemplo-de-luta-solidariedade-e-muito-amor/