domingo, 7 de setembro de 2014

[O JORNAL DE HOJE] Hatmo realiza campanha para encontrar doadores de medula óssea no RN

A proporção para se encontrar uma pessoa compatível é de um para cada cem mil e a dificuldade faz com que muitos pacientes não conseguem sobreviver até se encontrar um doador



Lutando há dois anos e meio contra uma leucemia reincidente, a pequena Fernanda Ramalho aguarda com ansiedade o dia em que encontrará um doador compatível a ela para fazer o transplante de medula óssea. No entanto, a procura é longa e pode demorar anos, conforme a Humanização e Apoio ao Transplantado de Medula Óssea do Rio Grande do Norte (Hatmo-RN). Esse tempo é essencial para a vida do portador de leucemia e para diminuir isso, a entidade realizou neste sábado (06) o Dia de Cooperar, quando foi lançada a campanha de conscientização para atrair doadores no Estado.

Segundo a presidente da Hatmo-RN, Rosali Cortez, a proporção para se encontrar uma pessoa compatível é de um para cada cem mil e a dificuldade faz com que muitos pacientes não conseguem sobreviver até se encontrar um doador que possa lhe ajudar a salvar a vida e acabam morrendo. Daí, a necessidade de que mais pessoas se engajem na luta contra a doença e se cadastrem como doadores no Hemonorte, situado na Avenida Alexandrino de Alencar, no Tirol.

Ela disse que a campanha de conscientização realizada hoje tem a finalidade de atrair mais pessoas para serem doadoras no Rio Grande do Norte e assim, ajudar a diminuir a fila de espera para um transplante, que até o semestre passado tinha 20 pacientes. Outros dois, as crianças Amanda e Marcos, morreram em março passado após os doadores compatíveis, que poderiam salvá-las da morte, terem desistido do procedimento.

“Infelizmente, as pessoas têm medo de doar medula óssea, seja por desconhecimento de como é feita a coleta do material ou medo de sentirem dor durante a doação. E é isso que queremos desmistificar hoje, mostrando aos interessados que os procedimentos são indolores e rápidos, que não causam nenhum prejuízo à saúde deles e que é possível salvar vidas humanas. Hoje, estamos aqui para tentar conscientizas as pessoas e mostrar que elas podem transformar o mundo de uma criança doente”, explicou Rosali.

O Dia C, como também é chamado, foi realizado no Parque das Dunas, em parceira com cooperativas e teve uma extensa programação cultural, que contou com as apresentações artístico-culturais da banda militar e dos cantores Ricardo Menezes, Carlos Zens, Esso Alencar, Lysia Condé, Pedro Paulo, Nara Costa e Kleiber Viava, além de atividades recreativas para as crianças presentes. Todo o material, como cestas básicas, fraldas descartáveis, leite em pó e outros donativos, foram distribuídos entre as famílias dos pacientes de leucemia cadastrados na Hatmo.

Rosali lembrou ainda que pessoas com idades entre 18 e 55 anos, qualquer tipo sanguíneo ou peso e com boa saúde, podem se cadastrar no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Para isso, basta procurar o Hemonorte e fornecer dados de identificação e fazer uma coleta de sangue para o teste de compatibilidade. “Não dói, é rápido e, caso você seja compatível com algum paciente, ainda pode salvar vidas”, disse.

Dois anos e meio de luta

Aos 12 anos, Fernanda Ramalho enfrenta o tratamento quimioterápico pela segunda vez contra a leucemia, que retornou após alguns meses. Alegre e vaidosa, ela não se recorda mais do dia em que conheceu seu pai adotivo, Ioris Ramalho, dentro de um hospital no interior do Estado, mas segue firme na procura por um doador que seja compatível.

“Ela tinha quase dez anos e apenas 19 quilos, estava bastante debilitada, já tinha sofrido um AVC, mas com o tratamento correto e muito amor e carinho, hoje ela é essa menina linda que vemos aqui e que nos traz tantas alegrias. Já procuramos muitos doadores, fizemos vários testes de compatibilidade, mas até o momento não conseguimos encontrar um doador, já que ela precisa de um transplante. Mas não vamos desistir até encontrar alguém que possa nos ajudar”, desabafou Ioris.

FONTE: O JORNAL DE HOJE